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sábado, 27 de junho de 2015

Zénite

Quando eu morri
Eu descobri muita coisa
Descobri que a terra era fresca
e que era ali que eu teria de PERNOITAR
Descobri que o Paraíso tinha o meu tamanho
e era feito de madeira
Descobri que no Inferno só cabia eu.

Quando eu morri
Descobri que os vermes eram anjos
mas não sabiam voar
Descobri que deus e o demônio eram uma única coisa: eram um invento assimétrico da condição humana.

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Quando eu morri
Descobri que a eternidade era podre
e cheirava muito mal.

Lisboa, 25 de Março de 1991

Um comentário:

  1. Apesar disso, meu caro amigo Joaquim, a Vida aqui fora continua... Quiser, de verdade, dizer para você não desistir, mas, quem sou eu senão um que já desistiu.
    Mesmo vivo eu estaria morto, se pelo menos uma pessoa não soubesse da minha existência e se importasse comigo; seria tal qual a árvore que cai na floresta e não faz barulho: porque não há ninguém para escutar.
    Conte comigo; eu estou aqui.
    Um forte abraço, Joaquim!

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