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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Uma Sarjeta - Duas Versões

1ª VERSÃO
Olha só aquele mendigo fajuta
Um zero, um nada, um mal nascido
Filho de pai desconhecido
Filho de mãe - suprema puta.

Dá uma olhada naquele mendigo
Coitado! Não se compara comigo
É um sujo que até disputa carniça de urubu
Não é como eu que sou do wisky, do caviar e do peru.

Olha só aquela sarjeta
Esses caras só são da mutreta
Como pode! Sem telhado, sem alvará
Vou chamar o delegado. Ele o multará.

Espia só aquele vagabundo
Que tristeza! Que bicho imundo!
Só mesmo a bofetada
É preciso ser do bom, do business e da trepada. 
2ª VERSÃO     
Eu sou o tal mendigo
Por quê? O porquê não digo
Desconheço o que me fez assim
Afinal, nem eu mesmo sei de mim. 

Eu sou o mendigo, o vagabundo
Mas mendigo não é castigo  
Mendigo é fugir do mundo 
Por não suportar tanto perigo.

Eu sou um mendigo, um mendigo sem nada
Mas o tempo ainda me resta
Para avaliar o que não presta
Para discernir a coisa errada.

Eu concordo, eu sou pária
Não tenho conta bancária
Nem mesmo o sexo pratico
Mas apesar de tudo confesso
que me sinto podre de rico. 

Paris, 15 de Julho de 1997        

Um comentário:

  1. A estrela da manhã
    é o que procuro
    puro poeta
    dos bares
    e copos
    em que me afogo...

    Abraços!

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